Restaurantes se adaptam para atrair clientes “sozinhos”
Estabelecimentos criam estratégias para que o consumidor não se sinta constrangido por estar desacompanhado
07/08/2014
Até algum tempo atrás, jantar sozinho era praticamente sinônimo de pedir qualquer coisa gordurosa para viagem ou escolher um prato no serviço de quarto do hotel.
Com tais opções, evitava-se o constrangimento de se sentar para comer em um restaurante sem companhia – e o risco de ser visto como um “fracassado, sem amigos”.
Mas com um número crescente de pessoas morando sozinhas, alguns restaurantes nos EUA, Canadá e Europa já estão se adaptando para atrair esses clientes e acabar com o estigma associado àqueles que pedem “mesa para um”.
Só nos Estados Unidos, hoje um em cada sete adultos vive sozinho. Aaron Allen, especialista de uma empresa da Flórida que presta consultoria para restaurantes de diversos países, diz que são crescentes os esforços para tornar os estabelecimentos mais acolhedores para esse público.
Entre as estratégias adotadas com tal objetivo estariam, segundo Allen, a instalação de mais assentos de frente para o balcão do bar ou cozinha e o treinamento de funcionários para que sejam mais atenciosos com os clientes desacompanhados.
Para o empresário restaurateur Stephen Beckta, de Ottawa, um cliente sozinho é “o maior elogio que um restaurante pode receber”. “
Os clientes desacompanhados escolhem nossos estabelecimentos pelo simples prazer de comer – e não porque marcaram um encontro com alguém ou estão participando de uma celebração. Então porque não acolhê-los?”
Seus três restaurantes – o Beckta, o Play e o Gezellig – estão entre os que mais atraem pessoas desacompanhadas na capital canadense. Além de contar com um grande número de assentos ao balcão, os três estabelecimentos também têm menus degustação, que permitem aos clientes desacompanhados se entreter com pequenas porções de até oito pratos durante o almoço ou jantar.
No Top of the Market, os cozinheiros fazem um “show” para os clientes sentados ao balcão. Os garçons estão sempre prontos para uma conversa com quem está sozinho – mas também evitam incomodar quem não está para muito papo.
“Se você vai jantar sozinho, minha sugestão é que deixe claras suas preferências”, diz Beckta. “Uma mesa num canto discreto? Um lugar no balcão? Está disposto a conversar ou não quer ser incomodado? Um bom restaurante sempre quer agradar o cliente.”
Show no balcão
O chef Ivan Flores foi contratado no ano passado pelo restaurante Top of the Market, em San Diego, nos Estados Unidos, para fazer mudanças com o objetivo de aumentar o número de pessoas que jantam sozinhas no estabelecimento.
A impressão que ele tinha era que, apesar de o restaurante já ter uma série de assentos em um balcão do qual se podia observar a cozinha, eles não eram muito requisitados porque não havia interação entre os chefs e os clientes.
Hoje, segundo Flores, as pessoas desacompanhadas se sentam nesses lugares para comer “vendo um show”, que inclui demonstrações de técnicas de culinária, degustações gratuitas e conversas com os chefs.
“Nossos clientes sozinhos adoram assistir aos cozinheiros profissionais em ação. E quando há uma pausa, eles começam a fazer perguntas como: ‘Eu fiz esse prato outro dia, mas como posso evitar que queime?’”, diz Flores.
O chef conta que às vezes ele e seus colegas anotam o e-mail de clientes para passar informações nas quais eles estão interessados. “Fazemos de tudo para que tenham uma noite memorável”, diz Flores.
“Nossos clientes desacompanhados se esquecem de que estão sozinhos. Na realidade, deixam de estar sozinhos no momento em que pisam em nosso restaurante.” (Fonte: Terra)