Integrando toda a cadeia de negócios do food service
Papo-direto com Tupa Gomes, presidente do Instituto Foodservice Brasil
05/12/2014
Lançado no final de 2013, o IFB - Instituto de Foodservice Brasil tem como missão unir toda cadeia de valor do food service -fabricantes, distribuidores, operadores e prestadores de serviços- e possibilitar uma organização mais eficiente e adequada para atender ao consumidor final através de levantamentos com amplo diagnóstico e dados inéditos no mercado, que possuía até então informações limitadas e desalinhadas.
O IFB tem 26 membros, entre eles Burguer King, Subway, Spoletto, Outback, Unilever e Nestlè, que administram 4.894 estabelecimentos, atendem 90 milhões de pessoas por ano e faturam juntos R$ 40 bilhões. “O fato de ser uma associação com somente dois mil membros agiliza a tomada de decisões”, define Tupa Gomes, presidente do IFB e da Martin Brower na América Latina, que conversou com a Food Magazine sobre as expectativas do IFB e desafios do setor food service.
Qual o objetivo do Instituto Foodservice Brasil?
O IFB nasceu da necessidade de unir a cadeia de negócios de redes de restaurantes, pois o food service não é um processo isolado, passa pelo fabricante e distribuidor, temos que olhar a cadeia como um todo. Nos Estados Unidos o pessoal vê de forma ainda mais ampla, “da fazenda ao garfo”, aqui ainda consideramos a partir da indústria de fornecedores. Para qualquer coisa que se faça no segmento de rede de restaurantes é importante integrar toda a cadeia de negócios.
Que lacuna existia no mercado em relação a dados e pesquisas que auxiliam os empreendedores em suas decisões e estratégias?
A grande lacuna existente era a falta da visão completa da cadeia de negócios de redes de food service. Cada elo é muito bem representado pelas associações existentes, como ABIA e ANR, dentre outras, mas uma visão única da cadeia de negócios, desde o fabricante até o operador, não existia. Esta visão holística permite que decisões tomadas não, necessariamente, beneficiem um elo, mas sim o consumidor desta cadeia, que é o mais importante.
Quais são os pontos que ainda precisam ser melhorados no setor food service e podem ter um avanço com o trabalho do IFB?
Temos cinco Comitês no IFB, e cada um foi formado visando a melhoria da eficiência deste segmento no Brasil. O comitê fiscal visa reduzir a carga fiscal ou eliminar assimetrias fiscais existentes no Brasil, como créditos e efeitos nocivos da política de substituição tributária.
O de eficiência na cadeia de distribuição vai olhar de forma comparativa onde temos ineficiências utilizando-se de uma extensa pesquisa internacional. O de indicadores setoriais promove pesquisas do mercado de food service, o que nos proporciona ter dados que se transformam em informações para conseguinte tomada de decisões.
O comitê de sustentabilidade e segurança alimentar visa termos boas práticas nesta cadeia e não apenas de forma isolada. Por último, o desenvolvimento de pessoas, tem como objetivo promover a educação focada na cadeia de negócios e as peculiaridades da mesma.
O mercado de alimentação fora do lar tem apresentado um crescimento expressivo nos últimos anos. Este número deve continuar subindo, mesmo em meio às incertezas da economia?
O mercado está bastante morno, comparado com ano passado, está igual ou negativo. A Copa afetou muito o segmento, houve mudança de hábitos de consumo. O Brasil vinha crescendo dois dígitos e agora estacionou, está mais devagar, perdeu velocidade. Foi percebida uma mudança significativa de hábito de consumo.
Acredito que a tendência desse momento atual vai se manter e, de acordo com o crescimento da economia, tende a passar quase 40% do consumo, mas depende muito da economia.
Qual sua expectativa para o próximo governo e a economia brasileira?
A conjuntura econômica cresceu muito, a renda do brasileiro, a distribuição de renda de fato ocorreu. Não temos como saber como será o próximo governo, mas não podemos andar para trás, e é bastante sensível para o food service a distribuição de renda.
Porque as redes de franquias se multiplicam, inclusive há muitas estrangeiras apostando no Brasil, enquanto os estabelecimentos individuais não sobrevivem em sua maioria?
O mercado tem uma grande possibilidade de consolidação. No Brasil, o mercado de redes atinge de 10% a 15% do mercado, número baixo se comparado com os Estados Unidos, onde as redes representam de 30 a 40%. Há uma tendência de aumentar esse número no Brasil, e as grandes redes internacionais apostam na consolidação de nosso mercado.
Acho que o empresário brasileiro deve participar de uma rede franchising, pois hoje a marca é muito importante para o consumidor, além do empresário ter suporte e uma gestão pronta, que para montar fica caro para o profissional que se aventura.