Buffets em alta

O brasileiro adora comemorar e toda esta festividade fez crescer 1.500% em 12 anos o mercado de festas e cerimônias, que movimenta, atualmente, quase R$60 bilhões e concentra mais de 2 mil empresas formalizadas

30/11/2016

Buffets em alta

O mercado de festas e cerimônias cresceu expressivamente nos últimos anos. De acordo com dados mais recentes de pesquisa encomendada pelo Sebrae e pela ABEOC Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Eventos), o setor movimentou R$ 59 bilhões de reais em 2014, sendo que em 2002 foi registrado um giro de apenas R$ 4 bilhões, ou seja, em 12 anos acumulou um crescimento de quase 1.500%. 


“O mercado de festas, em geral, tem crescido no decorrer dos últimos anos porque os brasileiros não deixam de comemorar as datas especiais, principalmente os aniversários, mesmo quando está com recursos reduzidos. Para se ter uma ideia, em média, são contratados seis tipos de serviços por evento, sendo que, para os casamentos, esse número sobe para oito. O buffet inclusive está entre os principais serviços procurados”, afirma Ricardo Dias, presidente da Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos). 


Segundo pesquisa da associação, encomendada ao Data Popular, em 2014 as festas de aniversário apareciam como principal intenção entre os brasileiros que pretendiam fazer algum tipo de evento em 2016. Logo em seguida estão as festas de casamentos, formaturas, noivados, bodas e festas de debutantes, como confirma Charlô Whately, dono do Buffet Charlô, que já serviu cerca 10 mil eventos em seus 34 anos de atuação: “As festas mais comuns são de aniversários, especialmente de datas redondas -30, 50, 80”, conta.


Para o empresário, um dos motivos do aumento da demanda é que as antigamente as mulheres organizam as festas, contratando apenas um apoio para um encontro com grande quantidade de pessoas. O desenvolvimento do setor e profissionalização das festas ainda elevou o segmento a um outro patamar. 

“O mercado de festas, em geral, tem crescido no decorrer dos últimos anos porque os brasileiros não deixam de comemorar as datas especiais, principalmente os aniversários, mesmo quando está com recursos reduzidos” - Ricardo Dias Presidente da Abrafesta 

 

Desenvolvimento da demanda criou empresas especializadas

Antigamente as festas eram mais simples, hoje há muitas opções em todos os itens, da alimentação à decoração, tanto que surgiram empresas especializadas em bolos, doces, drinks, etc. “Antes o buffet fazia tudo de uma maneira mais simples, hoje é tudo mais elaborado e sofisticado, tem até especialista de mesa de doce. A especialização melhora o serviço, você se torna cada vez melhor naquilo”, avalia Charlô.  


O especialista diz que o mercado como um todo vem evoluindo e que nossas festas não deixam nada a desejar aos países de primeiro mundo. “Viajo muito pela Europa e Estados Unidos e acho as festas daqui muito melhores”. Antes concentrado em São Paulo, o mercado de buffets se expandiu e se desenvolveu para o interior. “Há um fenômeno de buffets no interior, hoje estão muito desenvolvidos com um serviço semelhante ao daqui porque a informação está mais fácil e globalizada”, completa.

 

Restaurantes também apostam no segmento

Muitos restaurantes tem incluído em sua gama de opções o serviço de buffet e até reservado salões para festas e eventos de menor porte para aproveitar a demanda, ampliar as possibilidades de venda e, em alguns casos, equilibrar o faturamento em momentos de mais ociosidade no estabelecimento. 
É o caso do Grupo Saj Restaurantes,que nasceu em 2008 com uma casa na Vila Madalena, em São Paulo, e expandiu com os anos. ”Em outubro de 2014 resolvemos investir no mercado de eventos, já que notamos uma demanda crescente e a falta de oferta profissional de comida árabe em eventos”, conta Carla Skaf Abbud, responsável pela Saj Eventos.


Para separar um negócio do outro e não haver conflito entre as diferentes demandas, Carla explica que as equipes são divididas. “Temos uma equipe separada exclusiva de eventos. A equipe de cozinha é fixa, já o coordenador de salão e garçons são pagos por evento”.

A tradicional Mercearia do Conde, há 25 anos no mercado de São Paulo, também criou um espaço para eventos, denominado de Saleta do Conde. O espaço pode ser adaptado e decorado de acordo com a ocasião, para eventos que vão desde happy hours, aniversários, festas, eventos corporativos, workshops a casamentos, os famosos mini weddings que estão sendo realizados em muitos restaurantes por serem mais práticos e acessíveis. 

Mercado reage à desaceleração e festas de fim de ano impulsionam

Infelizmente, o segmento como um todo foi afetado pela crise, mas os brasileiros sempre encontram alternativas para não abrir mão de comemorar. “A partir do segundo semestre de 2015 o mercado de eventos sentiu os reflexos da crise econômica, o que fez com que as empresas se adequassem às novas exigências dos clientes, que estão pesquisando mais, e procurando ‘enxugar’ o evento no que for possível”, relata Ricardo Dias.

“A expectativa é que as comemorações de final de ano aumentem o volume de negócios dos serviços de buffet. Entretanto, não há estimativa do volume de negócios que podem ser gerados. Mapear as médias e grandes empresas, as associações de funcionários e os condomínios residenciais é um bom caminho para captação de novos clientes e ampliação dos negócios”, sinaliza Débora Mazzei; coordenadora de alimentação fora do lar do Sebrae Nacional.


O brasileiro já é festivo por natureza, mas no final do ano, as festas se intensificam, quando se concentram as formaturas, celebrações de empresa, demanda que deve recuperar em parte a movimentação do mercado.  De acordo com Charlô, no fim do ano tem bastante demanda, as encomendas já começam em setembro, mas muitas ficam para dezembro porque brasileiro deixa para a última hora.

Desafios e dicas dos especialistas

Para Ricardo Dias, a crise funciona como um filtro que irá mostrar quais empresas realmente têm fôlego para passar por tempos difíceis “Os fornecedores de serviços precisam cada vez mais se adequar aos clientes e às suas necessidades. Empresas com base sólida, comprometidas e que buscam se adaptar de forma dinâmica ao novo cenário conseguirão se sobressair diante de um período de retração econômica”, avalia. 

“Uma forma de ampliar a rentabilidade dos negócios relacionados à alimentação está relacionada à redução de desperdício e reaproveitamento de matéria prima, além da busca por fornecedores que permitam a apresentação de cardápios alternativos a um menor custo”

Uma das grandes preocupações dos serviços de buffet, de acordo com Débora Mazzei, está na segurança alimentar dos produtos elaborados, uma vez que, em sua maioria, os alimentos são pré-preparados em cozinhas próprias e finalizados somente no local do evento. “Uma forma de ampliar a rentabilidade dos negócios relacionados à alimentação está relacionada à redução de desperdício e reaproveitamento de matéria prima, além da busca por fornecedores que permitam a apresentação de cardápios alternativos a um menor custo”. 

Debora Mazzei, coordenadora da alimentação fora do lar do Sebrae

 

Números do setor

De acordo com a Abeoc, o mercado de eventos cresce, em média, 14% ao ano, gerando mais de 7 milhões de empregos diretos e indiretos. Dados do IBGE de 2012 apontam 20,7 mil empresas nos ramos de catering, buffet e outros serviços de comidas preparadas, crescimento de 38% em relação a 2007. Seguindo essa média, em 2016 o número de empresas do ramo seria 26,4 mil.

“De 2009 a 2014 foi registrado um crescimento de 350,48% de empresas nesta atividade, sendo expressivo o crescimento do ano de 2009 para 2010, 61,61%, uma vez que houve a inserção da atividade na formalização como Microempreendedor Individual (MEI), saltando neste período de 172 para 2.334 empresas formalizadas. Ao longo dos anos houve uma desaceleração, mas a atividade ainda demonstra crescimento de 24% ao ano, no período de 2012 a 2014”, analisa Débora Mazzei. 

A possibilidade da formalização como Microempreendedor Individual promoveu, no período de 2009 a 2014, a inserção no mercado de 4.602 novos empreendimentos, representando um crescimento de 2.675% neste porte empresarial.

Legislação para o setor

- Lei nº. 6.437, de 20.08.77 e alterações posteriores – Configura infrações à legislação sanitária federal e estabelece as sanções respectivas e a necessidade da responsabilidade técnica.
- Lei nº.12.389 de 11 de outubro de 2005 - Dispõe sobre a doação e reutilização de gêneros alimentícios e de sobras de alimentos e dá outras providências.
- Resolução RDC nº. 91, de 11 de maio de 2001 - Aprova o Regulamento Técnico: Critérios Gerais e Classificação de Materiais para Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos, constante do Anexo desta Resolução.
- Resolução RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004 - Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.

 

 

 

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