Restaurante mais antigo do mundo sobrevive com o mesmo menu há quase 300 anos
Desde 1725, estabelecimento é sinônimo de sucesso e tradição
17/11/2014
Sopa de alho com ovo, porco e cordeiro assados no forno à lenha – o mesmo forno desde a inauguração da casa no século XVIII. A tríade parece simples, mas é a receita de sucesso dos 289 anos de funcionamento do Sobrino de Botín, o restaurante mais antigo do mundo, segundo o Guiness Book.
Ao longo dos anos o cardápio passou por algumas alterações, mas os pratos especiais permaneceram. O diretor adjunto da casa, Javier Sánchez, conta que a refeição mais pedida também não mudou. “É o cochinillo asado, semelhante ao 'leiton' a pururuca do Brasil”, compara em portunhol. O prato aparece até em um dos romances de seus clientes mais célebres, Ernest Hemingway. O autor o citou nas páginas de “O Sol também se levanta”, obra de 1927. Já o Guiness menciona que Goya, em 1765, teria trabalhado na cozinha antes de ser aceito na Academia Real de Belas Artes.
Fundado em 1725 pelo francês Jean Botín, o estabelecimento – então Casa Botín – era inicialmente uma pousada cujo forno à lenha dedicava-se somente a cozinhar aquilo que trazia o viajante. Com a morte de seu dono, o local foi herdado pelo sobrinho, o que explica a mudança de nome para Sobrino de Botín, que se mantém até hoje.
Gestão
À frente da casa desde 1930, a família González conseguiu ampliá-la e a manteve aberta mesmo durante os difíceis anos da Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939). A reforma, contudo, não alterou as características principais do prédio, que foi construído em 1590. Situado próximo à Plaza Mayor, região central de Madri, o restaurante mantém seus quatro andares fiéis à atmosfera da hospedaria aberta por Botin no século XVIII: paredes de tijolinhos e teto baixo.
O faturamento mensal é segredo, mas Sánchez informa que o Botín, como é popularmente conhecido, tem capacidade para até 200 pessoas e costuma estar lotado nos dois turnos em que fica aberto. Todos os dias da semana são servidas, em média, entre 350 e 400 refeições. Um menu completo, com entrada, prato principal, vinho e sobremesa custa, 40 euros (o equivalente a R$130).
O diretor não sabe explicar por que, mas nem mesmo a crise econômica da União Europeia, que prejudicou de forma especial a Espanha, afetou o restaurante. “Ao contrário, este ano tivemos um recorde de clientela. Em um sábado, recebemos 800 pessoas e isso tem se repetido”. Ele acredita que a bonança é fruto do local ser um misto de restaurante e museu.
Segundo Sánchez, o restaurante não investe em ações de marketing. “Não precisamos, na verdade. Estamos sempre nas revistas, jornais e na televisão. Nunca pagamos por publicidade”, conta satisfeito. A razão talvez esteja na célebre clientela, como o ator Michael Douglas e Juan Carlos I, rei da Espanha até junho deste ano. O título de cliente mais assíduo agora é do brasileiro Kaká Até 2013, enquanto jogava no Real Madrid, o meia ia tanto ao local que se tornou amigo pessoal de Sanchez.
Atualmente a quarta geração da família González é responsável pelo restaurante. E espera-se que a próxima, ainda criança, continue a tradição no futuro. Fonte: Estadão PME