Indústria de alimentos retira 1,3 mil toneladas de sódio de produtos
Foram coletados dados de rotulagem de 172 marcas de massas instantâneas, 102 marcas de pães de forma e 13 marcas de bisnaguinhas em todo o país
13/08/2014
Fabricantes de alimentos conseguiram reduzir a presença de sódio em 11% em pães de forma e bisnaguinhas e em 15% em macarrões instantâneos, no período entre 2011 e 2012. Com a redução, estima-se que 1.295 toneladas de sódio tenham sido retiradas dos produtos. Os números foram ontem pelo Ministério da Saúde.
Estes são os primeiros resultados de um acordo de cooperação entre Ministério da Saúde e a Abia (Associação das Indústrias da Alimentação) para redução do sódio em alimentos industrializados. Entre 2011 e 2013, a pasta firmou quatro termos de compromisso com a associação que representa os fabricantes de alimentos processados. O resultado em outras categorias, das 16 inclusas no pacto, serão apresentados no final do ano.
As análises do Ministério da Saúde mostram que não só as empresas que aderiram ao acordo reduziram o teor de sódio. O mercado, de forma geral, apresentou teores mais baixos da substância nos alimentos. A pesquisa analisou os rótulos dos produtos e fez testes laboratoriais.
Foram coletados dados de rotulagem de 172 marcas de massas instantâneas, 102 marcas de pães de forma e 13 marcas de bisnaguinhas, em todo o país. Para a análise laboratorial, feita pela Anvisa, foram coletadas amostras em nove Estados, correspondentes a 54 produtos.
Dos 54 produtos avaliados em laboratórios, 40 ficaram abaixo da meta de quantidade de sódio. O melhor desempenho foi das marcas de pães de forma, com 93,75% de sucesso. As marcas bisnaguinha tiveram 66,6% de sucesso e as de macarrão instantâneo, 65,5%.
Segundo o ministério, o acordo com a associação de fabricantes permitirá que as marcas que não alcançaram a meta de redução busquem se adequar de forma voluntária. Há a possibilidade de as agências de vigilância sanitária nos Estados abrirem processos para apurar responsabilidades.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a redução é satisfatória para um primeiro ano de acordo. "Com apenas três tipos de alimentos, já conseguimos retirar mais de 1,2 mil toneladas de sódio das prateleiras. Com os quatro acordos, esperamos chegar a 28 mil toneladas em 2020 e, com isso, reduzir as mortes por acidentes vasculares cerebrais em 15% e os óbitos por infarto em 10%."
Os acordos são uma forma de o governo diminuir o alto índice de consumo de sal no país, um dos fatores de risco para doenças crônicas como hipertensão e doenças cardíacas. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o consumo do brasileiro está em 12 gramas diários.
Com o pacto entre fabricantes e o governo, a meta é reduzir o consumo de sal para 5 gramas por pessoa, o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2020. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar de 2008 mostram que 28% dos alimentos que vão à boca do brasileiro são industrializados. As 16 categorias de alimentos contempladas nos acordos representam 90% desses itens.
Segundo o Ministério da Saúde, a população não tem a percepção da quantidade elevada de sal que ingere. Dados de 2013 apresentados hoje mostram que apenas 15,9 % consideram elevado o consumo, e 48,6% acham adequada a dieta que possuem. Para o ministério, por esse motivo, medidas de proteção são importantes.
O consumo exagerado de sal está relacionado ao aumento no risco de doenças crônicas, como hipertensão, doenças cardiovasculares e doenças renais. As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 63% das mortes no mundo e 72% no Brasil, informa a pasta. (Uol e Agência Brasil)