E-commerce é alternativa para empreender em meio à recessão
Estudo projeta crescimento de 11% ao ano para o comércio eletrônico até 2019
17/08/2016
Se a crise está fechando as portas de muitos pequenos negócios, outras se abrem na internet. Em 2015, enquanto as vendas no varejo tradicional caíram 4,3% em relação a 2014, segundo o IBGE, o e-commerce brasileiro movimentou R$ 42,3 bilhões, um valor que representa um crescimento de 15,3% em comparação a 2014, de acordo com os dados da e-bit, empresa que estuda o varejo virtual.
O relatório aponta que o cenário de recessão econômica gerou oportunidades para que o comércio eletrônico se tornasse um dos principais aliados dos brasileiros para a aquisição de produtos, uma vez que a internet permite uma rápida e eficiente comparação de preços e, na maioria das vezes, uma compra com melhor custo-benefício.
Do lado dos empresários, montar uma loja virtual aparece como uma opção interessante, sem a necessidade de um investimento em uma loja física. E os números mostram um futuro atrativo para o setor. Estudo da consultoria Bain & Company projeta um crescimento de 11% ao ano para o comércio eletrônico brasileiro até 2019. Mas só a perspectiva positiva não é garantia de sucesso de um site.
De acordo com a consultora do Sebrae-SP Ariadne Mecate, a recomendação para quem pretende investir no segmento é fugir dos mesmos produtos que os grandes lojistas já vendem. “Procure nichos, onde a concorrência é menor e o fator de sucesso maior. Mas o empreendedor não pode esquecer de pesquisar bem o mercado”, destaca. Entre os exemplos de nichos podemos citar: calçados de tamanhos grandes, roupinhas para bebês prematuros e comida vegetariana.
No caso da empresa La Bfernandes, de São Paulo, a fatia de mercado que ela ocupa é a de uniformes para restaurantes, com destaque para os de culinária japonesa. O negócio é administrado por Luisa Evandi Bezerra e Ana Maria Bezerra da Costa, mãe e filha. Luisa começou produzindo uniformes informalmente, até que o aumento dos pedidos motivou Ana Maria a entrar no negócio e formalizar a empresa há nove anos.
Recentemente, elas decidiram investir na reestruturação do site e na loja virtual. “O e-commerce está crescendo muito. Eu mesma compro muito pela internet. Hoje trabalhamos muito por indicação e queremos abrir mais esse ponto de venda. O site é a cara da empresa, não temos como fugir da internet”, conta Ana Maria.
No endereço eletrônico, é possível comprar peças prontas ou solicitar a personalização com a logomarca do estabelecimento. Ana Maria optou por começar a loja virtual com um plano gratuito no provedor, que permite expor até 50 produtos. “Mas logo vou migrar para um plano pago. Primeiro quero sentir a demanda, ver o que os outros fazem”, diz.
A empresa não escapou dos efeitos da crise econômica. Como trabalha com uniformes, e os estabelecimentos estão contratando menos funcionários, os pedidos também foram reduzidos. “Estamos investindo na loja virtual, em um representante comercial e vamos participar de feiras. Como diminuiu a demanda, queremos aumentar o número de clientes”, afirma Ana Maria.
Facilidade
Na iLustre, de Presidente Prudente, as vendas online já representam cerca de 20% do faturamento. A família de Fernando Santello Bertaco é dona da Eletrorede, que está no ramo de materiais elétricos há 27 anos. Há dois anos eles inauguraram a loja iLustre, com foco no comércio de automação e iluminação, e também investiram no e-commerce. “Vi que as pessoas tinham pressa para comprar, mas não tinham tempo. Virtualmente temos mais informação disponível e mais facilidade para pesquisar preços”, afirma Bertaco.
Entre os principais desafios de manter uma loja virtual estão os custos logísticos e a questão tributária. O empresário precisa fazer seguro para o envio, caso o pacote seja extraviado. Outro cuidado fundamental é com a embalagem.
Por lidar com um produto frágil, ele investe constantemente na embalagem adequada. “Ser empresário no Brasil é desafiador. Todos os dias aparece alguma coisa nova, alguma alteração de alíquota. Gastamos tempo com essa parte legal em vez de correr atrás da parte de vendas”, lamenta Bertaco.
Olho nas redes
Para quem pretende investir em uma loja virtual, a consultora do Sebrae-SP aconselha o empresário a trabalhar a divulgação da marca nas redes sociais. “O que faz um e-commerce vender é ter uma marca conhecida”, diz. Para isso, Ariadne recomenda trabalhar conteúdo, dicas, ensinar como usar o produto e divulgar curiosidades sobre o assunto. Tudo para engajar o maior número de pessoas e tornar a marca cada vez mais conhecida.
O custo de colocar uma loja virtual no ar vai depender da plataforma usada e da quantidade de produtos à venda. Já para quem pensa em investir em um aplicativo, Ariadne afirma que essa providência pode ficar para um segundo momento. “O ideal é que, desde o início, o site possa ser aberto em todas as telas. Deve ser responsivo e capaz de ser visualizado em tablets, celulares e no computador”, completa.
Outro ponto importante é garantir a entrega no prazo prometido. No caso da venda online, o cliente tem até sete dias para desistir da compra e quem paga o frete de volta é o empresário. Por isso, a empresa precisa prever esse valor no preço de venda para evitar ficar no prejuízo caso o comprador opte pela devolução do produto.
Fonte: PEGN