Crise e criatividade

Por Renato Lutti, diretor associado da Galunion Consultoria e Gestão*

16/12/2015

Crise e criatividade

As crises são boas para a criatividade. Criatividade para solucionar velhos problemas, para ajuda mútua, para se destacar da concorrência, para atrair novos clientes e fidelizar os atuais e várias outras formas de ação diferentes de ficar parado esperando a crise passar. 


O mercado de Foodservice, assim como todos os setores do país, enfrenta esta incômoda crise de muitas facetas. E com muita perseverança e criatividade. 
O crescimento do primeiro semestre de 2015 foi surpreendentemente positivo, mesmo se descontada a inflação, e arrefeceu a partir de agosto para operadores de foodservice de todos os tipos.


O consumidor se retraiu tanto pela situação de geral de mais desemprego quanto pelo clima incerto do que poderá acontecer com o país. Muitos dos consumidores migraram para locais de menor desembolso em relação aos que estavam acostumados, embora ainda continuem a ir a seus restaurantes habituais, porém com menor frequência.


Está mais disposto a experimentar novidades, mesmo sem considerar a crise e, nesta hora, prefere e busca ofertas diferentes e de bom custo-benefício. 
Um dos primeiros impactos para quem opera no foodservice, indústria fornecedora, distribuidores e operadores, vem da dificuldade de conter os aumentos de custos de matérias-primas que foram em parte intensificada com a desvalorização da nossa moeda em meados deste ano, embora outros fatores já estivessem contribuindo desde 2014.


Os custos de ocupação, aluguéis, condomínio etc., seja para redes ou operadores independentes, em imóveis de rua ou dentro de centros comercias, foi outro fator importante provocando a revisão do planejamento de abertura de novas unidades para muitas empresas acostumadas com um ritmo de expansão importante no número de lojas. Pontos de venda mais seguramente rentáveis foram considerados na maioria das redes, porém, os que provocavam alguma dúvida, foram deixados em suspenso.


Com tudo isso de adversidades, os operadores e também os fornecedores de produtos e serviços do foodservice se abriram para novas possibilidades menos exploradas. E possibilidades que não incluem somente custos baixos, que são extremamente importantes, mas desenvolvendo ofertas diferentes e melhores. Testar novas marcas para substituir as tradicionais e conhecidas todos nós consumidores já fizemos. Explorar novas maneiras de fazer, de esforço em conjunto com os fornecedores para ofertas criativas e de melhor custo-benefício ao consumidor, porém, têm sido práticas mais frequentes e muito valorizadas. Se todos da cadeia ainda não atingem as metas desejadas, pelo menos em conjunto se pode conseguir algo melhor do que se empenhar sozinho. 


Se uma das marcas mais fortes do empreendedor brasileiro é a criatividade, é na crise que encontra as condições mais favoráveis para aflorar. A crise vai passar e a maneira como passar por ela é que vai determinar quem vai se destacar na época em que as vacas voltarem a engordar.

 

Renato Lutti

Renato Lutti é diretor associado da Galunion Consultoria e Gestão. Formado em Engenharia de Alimentos pela Unicamp e com MBA Executivo na FIA, extensões na Universidade de Cambridge (RU), Escola de Gerenciamento de Lyon (França), Universidade de Vanderbilt (EUA) e Universidade de Lingnan (China), possui mais de 20 anos de atuação em foodservice, na indústria para operadores, como executivo, consultor e investidor. Foi diretor de Vendas, Marketing e Operações da Rich do Brasil e Rich da Argentina, e Co-fundador do Grupo de Food Service da ABIA.

 

 

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