Serviços diferenciados são aposta de restaurantes para manter o lucro em alta

Saiba algumas práticas e estratégias que estão sendo utilizadas por gestores de food service em Londrina garantindo o crescimento nas vendas

19/08/2015

Serviços diferenciados são aposta de restaurantes para manter o lucro em alta

Ele não tinha qualquer experiência no setor de gastronomia – a não ser como cliente. Sempre trabalhou no comércio e na indústria. Mas sempre teve olho para “um bom negócio”. Quando o antigo proprietário ofereceu, Luís Galves não teve dúvidas e comprou O Casarão, no início desse ano, que coincidiu com o começo da crise econômica no Brasil. Muita gente desaconselhou o negócio, prevendo que o setor sofreria com os reflexos da crise. Galves, no entanto, encarou o desafio como se o restaurante fosse uma das outras empresas que administrou.

O resultado é que, em 90 dias, O Casarão dobrou o faturamento do jantar e teve um ligeiro aumento no almoço, em um momento em que muita gente está cortando despesas. Segundo dados de Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o segmento já soma uma queda em torno de 10% a 15% no faturamento de restaurantes com tickets mais altos. “O setor está sentindo os problemas do país e o segmento de alimentação fora de casa não poderia ser diferente”, diz o diretor executivo da Abrasel Londrina, Arnaldo Falanca.

 

Conjunto de fatores
De acordo com Galves, o bom resultado veio de um conjunto de fatores. “A gente focou numa série de medidas para trazer mais profissionalismo. A maioria esquece que um restaurante é uma empresa e precisa ter os setores bem estruturados – produção, compras, pessoal, administrativo -, tudo organizado e funcionando perfeitamente”, diz. Segundo ele, o pessoal foi treinado – “havia muita reclamação no atendimento” – e estão até tendo aulas de inglês, para receber os turistas.

Além disso, Galves se esforçou para levar novos públicos ao restaurante, mexendo numa programação noturna que estava consolidada, mas estagnada. “Criamos a segunda-feira de Jazz e Massas, a Quarta-Feira de Futebol – que tem happy hour com chopp a R$2,40 e desconto de 50% nas porções a noite toda -, a Quinta da Costela, com preço acessível; e estamos lançando agora O Botequim da Sexta”, conta. O Botequim surgiu porque, às sextas, a maioria das pessoas gostam de ir a barzinhos, aproveitar música ao vivo, segundo ele. “Nós tínhamos Bacalhau nas sextas, mas era um evento caro que não estava atraindo mais público. Com o botequim, estamos trazendo rodas de samba da velha guarda, de raiz, e o pessoal está gostando”, conta.

Segundo ele, o ticket médio do restaurante subiu 30% e o faturamento entre 15% a 20% mês a mês. “Mas eu trabalho 14 a 15 horas por dia e investi em publicidade, enquanto os outros cortaram”, conta.

 

Boca a boca
O restaurante Sugoi é outro exemplo de que trabalho e dedicação fazem a diferença. Com um cardápio de qualidade e muita divulgação boca a boca, o Sugoi tem mantido filas de espera na entrada de segunda a sábado, mesmo depois de ter aumentado os preços do rodízio. Segundo Roseli Yuri, uma das sócias do restaurante, apenas foi nivelado o preço ao dos outros restaurantes de comida japonesa, por causa do aumento dos insumos. “Subiu tudo, não teve como segurar porque nossa intenção era manter o padrão”, lamenta. De acordo com ela, na primeira semana pós-reajuste, o público caiu um pouco, mas voltou ao normal nas semanas seguintes. O faturamento, que dependia do público da promoção, se estabilizou e começa agora a aumentar. “A crise existe sim, mas acho que quem mantém um trabalho diferenciado não está sofrendo tanto”, diz.

 


Refeições, só em casa
Márcio – nome fictício – é analista de sistemas, na casa dos 30 anos, e mora com a esposa. Até o ano passado, durante a semana, os dois almoçavam fora todos os dias e saiam para jantar pelo menos uma vez a cada 15 dias, fora pizzas e lanches que pediam em casa. De março para cá, tiveram que cortar despesas e uma das primeiras foi o almoço fora. “Passamos a cozinhar em casa para levarmos almoço no serviço e cortamos os jantares e lanches. A economia foi muito grande”, explica. 


Como Márcio, muita gente voltou a priorizar refeições feitas em casa para cortar despesas. Segundo o diretor executivo da Abrasel-Londrina, Arnaldo Falanca, o setor de gastronomia vinha crescendo até o ano passado. “Esse ano, o crescimento não vai se igualar, mas deve se manter”, afirma. De acordo com ele, o que está mantendo o nível são os tickets mais baixos, menos de R$30, que ainda apresentam fôlego. 


O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina, Alzir Bocchi, diz que a queda no setor é ainda maior que a estimada pela Abrasel e que a situação está preocupante. “O setor de gastronomia registra queda de 30% e o de hotelaria até 40% em Londrina. Isso é reflexo do que está acontecendo no resto do país”. Segundo ele, os insumos dos restaurantes – carnes, legumes e verduras, água e luz – tiveram aumentos significativos. “Em maio, tivemos reajuste de 10% nos salários do segmento. Mas a maioria não repassou nada ao cliente porque, senão, afastaria ainda mais a clientela”, aponta. 

 

 

Fonte: Jornal de Londrina

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