Dados do Ministério da Pesca e Aquicultura apontam que, apesar dos 8,5 mil quilômetros de costa e 12% de toda a reserva de água doce disponível no planeta, o brasileiro consome uma quantidade de pescado abaixo da recomendada. A média é de 11,7 kg ao ano, enquanto a Organização Mundial da Saúde indica pelo menos 12 kg.

O País possui uma cultura de consumo predominantemente de carne vermelha. Apesar da maior preocupação com uma alimentação saudável, o consumidor brasileiro não tem o hábito de utilizar o peixe com frequência em suas refeições, o que, para Sergio Molinari, sócio-diretor de foodservice da GS&MD – Gouvêa de Souza, acontece por falta de informação sobre o produto.

Por outro lado, restaurantes e varejistas também não têm a habilidade necessária para lidar com este alimento, que é mais delicado, com uma dificuldade de manipulação e conservação superior à carne de vaca ou frango.

Pensando nisso, o Ministério da Pesca e Agricultura lançou a XI Semana do Peixe, que acontece de 01 a 14 de setembro e tem o objetivo de chamar a atenção para o alimento e estimular o seu consumo, além de informar sobre compra, armazenamento, manipulação e preparo. “O desafio no Brasil é fazer essa evolução de conhecimento sobre o peixe”, ressalta Molinari.

 “Os supermercadistas enxergam na peixaria mais um problema do que uma oportunidade. Em restaurantes também, além de não ter mão de obra especializada para lidar, pelo fato de ser mais caro, não cabe em todos os cardápios, pois encarece a receita. Assim, o peixe acaba sendo colocado em segundo plano”, esclarece o executivo.

O sócio-diretor da GS&MD acrescenta que o preço também é um fator importante, mas que o baixo consumo é consequência também da pouca informação. “Uma coisa potencializada a outra”.

“Nos Estados Unidos, o consumo de pescado é mais comum. Na área de pescados no supermercado, tem toda explicação, nome do peixe, para que serve e dá sugestões de uso, indicando receitas, tudo acaba induzindo o consumidor”, conta.

Sergio Molinari, sócio-diretor de foodservice da GS&MD – Gouvêa de Souza

Incorporando ao cardápio

Sergio Molinari acredita que é interessante para os restaurantes oferecer aos clientes pratos que incorporam o peixe em suas receitas, já que o alimento proporciona um sabor diferenciado que agrega valor ao cardápio.  “O empresário é preguiçoso e conservador, altera os cardápios não mais do que uma vez por ano, e normalmente quando o faz só mexe no preço, raramente acrescenta novas receitas”.

Uma dica é utilizá-lo em poucos pratos, a fim de diminuir o risco de perda do alimento, que possui uma validade menor. Assim, segundo o especialista, é possível agradar o consumidor, pegando carona neste estímulo, e obter rentabilidade. “Só não pode tratar igual aos outros produtos, vai tirar rentabilidade e não terá resultado”, alerta.