Restrições alimentares proporcionam inovação no setor de festas infantis
Com o crescimento do número de crianças alérgicas e intolerantes, setor se reinventa para oferecer cardápio saudável e personalizado
19/11/2015
Se, há dez anos, pouco se ouvia falar em restrições alimentares, hoje em dia não é bem assim. Um estudo realizado em Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que, nos últimos cinco anos, o número de internações e consultas hospitalares decorrentes de crises alérgicas causadas por alimentos aumentou cerca de 30% ao ano. No Brasil, a realidade não é muito diferente. Segundo a ASBAI, Associação Brasileira de Alergias, 30% da população hoje é alérgica, sendo 20% dessa amostra crianças. Isso sem falar na obesidade infantil, que já atinge 39% dos brasileiros.
Para acolher esse público e observando o comportamento das famílias, que possuem crianças intolerantes ou alérgicas, em diferentes eventos sociais, o empresário Paulo Parente criou o Bicho de Pé Eventos, um buffet infantil itinerante e saudável que foca no atendimento personalizado para dietas restritivas. "Quando percebi que estava cada vez mais comum ver em festas mães carregando lanches especiais para os filhos diabéticos, celíacos, alérgicos ou intolerantes a algum tipo de alimento, senti que ali existia uma grande oportunidade", comenta.
Depois de pesquisar o mercado por dez meses mais informações sobre comidas saudáveis, veganas e restritivas para crianças intolerantes e alérgicas, Paulo formulou opções de cardápio especiais para cada público. “Todas as comidas são sem gordura, sem açúcar e não tem frituras, nem refrigerantes. Mas, por outro lado, não faltam guloseimas saudáveis e saborosas, como cookies de farinha de banana verde, muffin de laranja com amêndoa, hambúrguer de quinoa, tapioca, pão de queijo, entre outras”, conta o proprietário.
O principal objetivo do Bicho de Pé é atender as necessidades dos clientes com qualidade e personalização. “Procuro deixar as famílias à vontade para sugerirem o cardápio de sua preferência. Depois as informações são passadas aos profissionais do buffet para que as adaptações sejam realizadas. Outra preocupação da equipe é a apresentação. Para aderir uma alimentação restritiva sem preconceitos, a criança deve primeiro comer com os olhos”, afirma Parente. Além da alimentação, o Bicho de Pé também fica responsável pela recreação da festa.
Alergia ou intolerância?
Para evitar erros e mal entendidos, uma questão que o empresário sempre ressalta em sua conversa com os pais refere-se ao conceito de alergia e intolerância. Muitas pessoas confundem as duas coisas e acabam colocando tudo no mesmo pacote, mas as reações provocadas nos organismos são bem diferentes. As alergias causam uma resposta exagerada a determinados tipos de alimentos, o corpo ataca aquela substância considerada estranha da mesma forma como faz com um micro-organismo agressor. As reações podem acontecer imediatamente após o consumo ou até mesmo horas depois. Em crianças, são comuns alergias causadas por proteínas do leite de vaca, do ovo, do trigo e das sementes oleaginosas.
Já na intolerância alimentar, o corpo não é capaz de digerir o alimento. E a substância tende a se acumular, provocando sintomas como dores abdominais, gases, diarreia e até enjoos e vômitos. No caso do leite, por exemplo, a intolerância é caracterizada pela produção insuficiente de lactase, a enzima responsável por digerir as proteínas lácteas, e não tem relação nenhuma com o sistema de defesas do organismo.
Uma dica do empresário é que os pais tenham cuidado antes deles mesmo diagnosticarem seus filhos. “Antes de emitir uma sentença final, certifique-se de checar que todos os procedimentos foram realizados. Para diagnosticar a restrição é essencial que aliado aos exames médicos se realize análises da história clínica e da resposta da criança à dieta, pois somente assim é possível confirmar a suspeita de alergia alimentar. Afinal, ter uma alimentação saudável não necessariamente implica em uma vida de restrições”, finaliza.
Recentemente, um estudo que produziu um balanço mundial sobre o assunto, mostrou que apesar de 40% das pessoas se declararem alérgicas a algum tipo de alimento, quando são realizados levantamentos médicos a proporção real está abaixo de 5%. Em crianças, a proporção é igual, porém 35% dos pais acreditam que os filhos têm alergia.