Restaurante faz sucesso ao propor que clientes comam com as mãos
Além da ausência de talheres, espaço é marcado por decoração que lembra uma floresta
16/07/2015
Ao entrar no sobrado do número 604 da rua Deputado Lacerda Franco, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, não é só a decoração exótica imitando selva que vai causar estranheza logo de cara. Ao ser conduzido à mesa para o jantar não espere que o garçom deixe talheres à disposição.
Em vez deles, você receberá uma tigelinha com água e limão para higienizar as pontas dos dedos. Sem garfo e faca, a proposta do restaurante que está atraindo os paulistanos é fazer com que os clientes comam com a mão.
A proposta do bar-restaurante Sala Especial, de compartilhar de forma despojada tanto o espaço quanto a comida, é uma das novidades na gastronomia paulistana.
- O paulistano gosta de sair pra jantar. Então, nossa ideia foi tornar o ato de comer em um entretenimento, onde a gente possa interagir e também virar mais humano. Não alimentar somente a barriga, mas também a alma - filosofa Fernando Autran, sócio do espaço, ao lado de Fernando Sommer.
Além de pensados para serem comidos com as mãos, os pratos, que servem de duas a três pessoas, podem ser divididos entre os integrantes da mesma mesa. A bruschetta tradicional (fatias de pão italiano, alho, tomate e manjericão a R$ 28) chega desmontada, e aí cada um que monte sua própria receita. Temperinhos como alecrim, manjericão e hortelã ficam à disposição para que cada um possa incrementar seu prato.
- O menu como um todo é feito de receitas que possam ser compartilhadas e desconstruídas - explica o chef Dennis Holbut. O bar oferece receitas clássicas e drinques personalizados, que também podem ser montados pelos próprios clientes com auxílio do barman.
- A ideia da casa é que o cliente interaja com o espaço, com a cozinha e com o bar. No caso do Bloody Mary (chamado na casa de Bloody Box, a R$ 32), você mesmo monta a sua receita. É você quem escolhe, por exemplo, quanto vai de vodka ou quanto de suco de tomate - diz o mixologista Marcelo Vasconcelos.
A decoração do Sala Especial simula uma floresta - com direito a árvore cenográfica que ocupa os dois andares, peças que imitam cabeças de animais empalhadas, desenhos de bichos e vegetação artificial cobrindo toda a parede. Os móveis, que fogem da padronização, lembram a sala de estar da casa da avó, com direito a cadeiras com crochê no encosto, mesinhas e pufes com diferentes estampas.
Um cantinho no segundo andar tem um futon, colchão baixo tradicionalmente usado no Japão, que abriga pequenos grupos. Um espelho tal qual aquele da bruxa do desenho de Branca de Neve é “habitado” por um gato que reage a movimentos e expressões de quem fica em sua frente. Um DJ cuida da trilha sonora, em geral, de música eletrônica.
Uma das preocupações dos sócios era a de que as pessoas não entendessem a proposta de comer com as mãos o que, segundo Autran, já foi superado. - Hoje já não temos mais esse receio. (Fonte: O Globo)