Pizzarias são um bom negócio na crise

Com um tíquete médio de R$ 15, as pizzarias de Recife tem atraído consumidores que não abrem mão de comer fora de casa

23/06/2016

Pizzarias são um bom negócio na crise

Quem não gosta de reunir os amigos e a família para comer uma boa pizza? Com diversos sabores, tamanhos e, principalmente, valores, a pizza pode ser considerada um dos pratos mais democráticos do mundo. Na contra-mão do que os restaurantes estão enfrentando no período de recessão, com 34% operando no vermelho, os proprietários de pizzarias no Recife estão mantendo as vendas, com leve crescente, e investindo na expansão dos negócios.

 

Dois meses após inaugurar a franquia da Pizza Hut em Boa Viagem, o empresário Victor Cantarelli abriu o segundo ponto, dessa vez no Shopping Recife. Sem operar há quase dez anos na capital pernambucana, a marca retornou fortalecida. “A demanda foi acima do esperado, as lojas de Boa Viagem e do Shopping Recife estão com o mesmo padrão de vendas, com uma leve crescente no último ponto inaugurado”, afirma.

 

Cada uma das lojas já recebe uma média de 10 mil pedidos por mês e o serviço de delivery está previsto para ser iniciado até o final de junho. No próximo semestre, Cantarelli vai atender ao pedido dos consumidores da Zona Norte e abrir uma loja no bairro de Casa Forte. “A pizza é um produto que se divide entre cerca de quatro pessoas e torna-se mais barato, com um tíquete médio de R$ 15”, diz Cantarelli.

 

De acordo com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as lojas com um valor médio gasto por cliente de menos de R$ 15 apresentaram um crescimento de 5% a 15% no faturamento, na comparação com o primeiro trimestre de 2015. “Com a queda da atividade econômica houve uma retração no consumo. Para as operações que trabalham com um tíquete médio de R$ 25 a R$ 70 por cliente a redução é de 30%. Esses consumidores foram absolvidos pelas lojas onde o custo é menor”, justificou o diretor da Abrasel em Pernambuco, André Araújo.

 

Proprietária de cinco franquias Domino’s no Recife, Paula Albuquerque iniciou a operação da marca, controlada no Brasil pelo Grupo Trigo, em 2012. Para cada uma das lojas, localizadas nos bairros das Graças, Boa Viagem, Piedade, Setúbal e Casa Forte, investiu R$500 mil. Segundo Paula, a loja das Graças é a mais lucrativa, representando 30% do faturamento total, com uma média de 6 mil pedidos por mês. “No segundo semestre de 2015 nós sentimos mais a crise. Mas, desde dezembro estamos retomando as vendas. Neste ano, por incrível que pareça, nós mantivemos as vendas com um leve crescimento no primeiro trimestre”, afirma.

 

Apesar da falta de autonomia, a empresária considera o modelo de franchising mais seguro e adequado para o seu perfil. “O franqueador realiza um estudo de mercado, indica os melhores locais para abrir o negócio, oferece fornecedores homologados e treinamento. Como eu não sei nada sobre culinária, considerei que abrir uma franquia seria melhor”, diz.

 

Para minimizar os efeitos da crise, a Domino’s Brasil criou promoções e lançou novos produtos. “A farinha de trigo, o leite e a mussarela são os principais insumos que utilizo e estão mais caros. Precisei aumentar os valores dos produtos, mas não repassei para o cliente todo o percentual que assumi”. Na avaliação de Paula, a rede ganhou novos clientes na crise, aqueles que continuam comendo fora de casa, mas que querem gastar menos.

 

Apostando na criação do próprio negócio, os sócios Eduardo Henriques, Fábio Marques e Gustavo Diniz, inauguraram este mês o terceiro ponto da rede Deli Pizza, com a loja Prima Deli, em Boa Viagem. “Iniciamos apenas com o serviço de delivery, há dois anos e meio. Com a crise, algumas pizzarias fecharam, mas nós conseguimos nos ajustar, reduzindo os gastos. Investimos R$ 2 milhões e ganhamos a fatia do mercado que fechou ou está oferecendo um serviço com menor qualidade”, contou Fábio Marques.

 

Com a nova casa aberta e com bom volume de vendas, os sócios pretendem continuar expandido os negócios no setor, com a abertura de um novo ponto na Zona Norte previsto para 2018. “Temos a intenção de nos tornar franqueadores, mas vamos esperar cinco anos para maturação da marca”, diz. Para atrair os consumidores, o restaurante Prima Deli está oferecendo promoções no horário de almoço, por exemplo, para pratos como saladas e massas.

 

De acordo com a Associação das Pizzarias Unidas, 1 milhão de pizzas são consumidas diariamente no Brasil. Com todo esse consumo, o faturamento anual do mercado brasileiro tem girado em torno de R$22 bilhões ao ano. O setor gera cerca de 360 mil empregos no País, distribuídos em mais de 130 mil pizzarias.

 

Fonte: Jornal do Comércio - Pernambuco - Online

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