Florianópolis foi eleita pela Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo no mundo, a cidade com melhor ambiente para se empreender no Brasil. A entidade lançou nesta segunda-feira uma lista das cidades com maior capacidade de abrigar uma empresa de alto crescimento - aquelas conseguem ampliar o número de funcionários em pelo menos 20% ao ano.

O ranking foi elaborado pela entidade cruzando 49 indicadores, organizados em sete itens: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Segundo o diretor-geral da Endeavor no País, Juliano Seabra, a ideia é que as cidades possam mapear seus principais problemas. "Se não tivermos indicadores, os formuladores de políticas públicas não conseguem definir o que é prioridade", afirma. A lista, que usa uma escala de zero a dez, deu nota 7,53 à Florianópolis, seguida de perto por São Paulo (7,46) e depois Vitória (7,16). 

A Endeavor mapeou cerca de 35 mil empresas com alto potencial de crescimento no Brasil. Para Seabra, o ideal é que esse número chegue próximo dos 100 mil, média entre países desenvolvidos como os Estados Unidos. "Essas 35 mil empresas criam mais da metade dos postos de trabalho da economia brasileira. Quando tiver algo próximo [a esse número], a gente vai ter um ambiente mais favorável, com empreendedores construindo empresas que vão mais longe e impactam mais gente, pensando global e inovando."

Apesar de liderar a maioria dos indicadores, São Paulo perdeu a liderança para a capital catarinense pelo baixo desempenho em alguns pontos, como ambiente regulatório e mobilidade urbana. Apenas 28% dos catarinenses da capital levam mais de 30 minutos no trajeto casa-trabalho, contra 60% dos paulistanos e 64% dos cariocas, por exemplo. 

Exemplo

Florianópolis prima, entre outros fatores, por ter uma base de capital humano elevadíssima em relação a outras cidades. 58% dos estudantes de ensino superior estão em cursos com nota 4 ou 5 no Enade, a avaliação feita pelo MEC, contra uma média nacional de 24%. A cidade também tem 3,5% de mestres e doutores em Ciência, Tecnologia, Matemática ou Engenharia trabalhando em empresas, contra uma média de 1,6% no resto do país. 

Ter o melhor ambiente empreendedor não significa que a cidade seja necessariamente o melhor destino para qualquer negócio. A população é pequena e a cidade tem o menor PIB das 14 capitais pesquisadas, e por isso não é um destino especialmente atrativo para empresas de varejo, por exemplo. 

São Paulo, por outro lado, usa o gigantismo a seu a favor. Além do maior mercado consumidor do País, a cidade também concentra boa parte da oferta de crédito e do investimento de risco do país: entre 2009 e 2014, 60% de todas as operações de Venture Capital e Private Equity realizados na região, seguida do Rio de Janeiro, com 15%. O governo paulista também é que mais investe em fomento à inovação, 4,5% do seu orçamento, o que garante tanto a liderança proporcional como em números absolutos. 

Pesam como fatores negativos o elevado custo de vida, os altos impostos e o ambiente regulatório ruim. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, esteve presente no lançamento do estudo e listou algumas medidas tomadas pela sua gestão. Entre elas, as ações que fizeram cair de 100 para 36 o número de dias necessários para se abrir uma empresa, o segundo melhor tempo entre as capitais pesquisadas, atrás apenas de Goiânia.

Haddad também afirmou que o novo Plano Diretor pode melhorar o ambiente de negócios da cidade. Ele citou o Programa de Incentivos Fiscais da Zona Leste, que zera o IPTU e fixa a alíquota mínima do ISS para empresas que migrarem para a região. "Temos que aproximar o morador do seu posto de trabalho. A nossa meta é chegar a 2016 com uma contratação de 100 mil novos postos de trabalho", disse. (Fonte: Estadão PME e Endeavor)