Delivery de comida movimentará R$ 9 bilhões em 2015

Característica do serviço garante oportunidades, mas empreendedor tem de cuidar da logística a fim de manter a clientela

02/03/2015

Delivery de comida movimentará R$ 9 bilhões em 2015

Trânsito, filas, falta de vagas para estacionar, tempo escasso e a busca por comodidade e praticidade fazem do delivery um serviço cada vez mais atraente para o consumidor e, consequentemente, uma oportunidade para empreender. Mas assim como existe um cenário favorável para o segmento, administrar esse tipo de operação é um desafio. Ainda mais em grandes metrópoles como São Paulo. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estima que o mercado de delivery para alimentação movimente em torno de R$ 9 bilhões este ano, R$ 1 bilhão a mais que 2014.

 

De acordo com Caio Gouvêa, sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, atualmente existe uma tendência no comportamento do consumidor em adquirir produtos por meio do canal que lhe for mais conveniente em uma determinada situação, o chamado omni-channel behavior. “O serviço de delivery atende perfeitamente a essa expectativa dos consumidores modernos de se alimentarem com qualidade e na segurança e conforto de seu lar no momento que lhe for mais conveniente”, afirma.

 

Já o risco da operação está justamente em frustrar as expectativas do consumidor com atrasos ou entregar alimentos fora do padrão esperado e combinado com o cliente previamente.

 

Por isso, antes de iniciar o serviço de entregas, é preciso avaliar se a operação será uma atividade adicional ou a principal parcela do negócio, se os produtos entregues vão ‘canibalizar’ os negócios atuais do restaurante e se os clientes serão os mesmos. Outros pontos essenciais, segundo Gouvêa, são: preocupar-se com as condições de transporte para manter a qualidade do produto, estabelecer as formas de venda e pagamento, determinar os riscos envolvidos e, principalmente, quais as ações para minimizá-los.

 

“O delivery não é só a pizzaria do bairro. Existe uma oportunidade fantástica e o serviço também tem crescido pela facilidade do acesso às compras”, diz Clovis Alvarenga Netto, professor da Fundação Vanzolini. Ele recomenda que o empresário fique atento às mudanças que ocorrem na cidade para que o negócio contemple novas oportunidades. O aumento de ciclovias, por exemplo, abre a possibilidade de entregas com bikes.

 

Acarajé para toda São Paulo

 

“A gente só pede pizza e comida japonesa. Por que vocês não entregam acarajé?” Foi o apelo dos clientes que motivou Maria Inês dos Santos e a filha Flávia dos Santos Souza a incluírem o delivery, há quatro anos, no Acarajé da Inês – hoje a operação representa 25% do faturamento do negócio. Mesmo localizado na Vila Medeiros, o restaurante faz entregas em toda a cidade, pelo menos nos fins de semana. Mas quanto mais longe, maior a taxa do serviço, que varia de R$ 5 a R$ 30. Com a venda média de 150 acarajés por dia, Flávia sonha em espalhar a receita da mãe pela cidade por meio de franquias. “O acarajé está presente em 98% dos pedidos. Mesmo se alguém pede uma moqueca, fala: manda também dois acarajés”, conta Flávia.

 

Ele comprou cinco operações

 

O administrador Daniel da Silveira Franco abriu a Saidera Brasil, especializada na entrega de bebidas, há três anos. A sede fica na zona oeste, mas para atender a cidade toda, ele abriu a primeira unidade licenciada na zona leste. A Saidera já comprou cinco operações, entre elas a Breja Boy, que ganhou destaque com entregadores vestidos de super-herói. “O que tem mais valor é o número do telefone”, explica. “O mercado não tem barreira de entrada, mas é um negócio complicado, principalmente por causa da mão de obra e do horário de funcionamento”, diz. “O nosso maior diferencial foi montar uma estrutura. Conseguimos aliar vida social mesmo tendo uma empresa que funciona de noite.”

 

Do Mercadão para sua casa

 

Quem não quiser enfrentar a muvuca da região da Rua 25 de Março, ou se aborrecer na hora de achar uma vaga para estacionar o carro na região central de São Paulo para comprar peixe no Mercadão, conta com o serviço de entrega das peixarias do local. Na Ki-Peixe, os pedidos particulares, se feitos com antecedência, entram no planejamento das entregas para os restaurantes. Em média, a peixaria comandada por Mário Moura e os filhos Cícero Gomes e Mário Moura Júnior faz dez entregas por dia, com pico de 50. A representatividade do serviço ainda é pequena: 10% do faturamento. Mas Gomes é otimista. O empresário pretende investir na divulgação do serviço e acredita que a população vai comer mais peixe em busca de alimentos saudáveis.

 

Salada é a refeição principal

 

Quando o publicitário Bruno Alves ainda trabalhava com propaganda, comprar uma refeição saudável para comer no escritório era algo caro ou passava longe de ser um alimento saudável. Foi a partir de uma necessidade pessoal que Alves resolveu largar a profissão para colocar em prática o que fazia há 20 anos: cozinhar. A proposta foi quebrar a ideia de que a salada não podia ser uma refeição completa e fugir da combinação alface, tomate e cebola para criar a Eba! Comida Saudável. O carro-chefe do negócio são as saladas em potes. A operação começou com delivery e ganhou uma loja em agosto. A entrega representa de 60% a 70% do faturamento e o empresário planeja expandir com a instalação de mais pontos de distribuição por São Paulo.

 

Coxinha é a mais pedida

 

A fila de espera para sentar em uma mesa no Veloso Bar é de uma hora. Em média. E muitos clientes seguiam até o local apenas para comprar os dois maiores sucessos do negócio – a coxinha e a caipirinha – e levá-los para casa. Foi aí que o dono do Veloso, Otávio Canecchio, resolveu investir R$ 200 mil em uma unidade de delivery para atender os fãs da famosa coxinha, presente em 90% dos pedidos. E a caipirinha não ficou de fora do serviço. “No começo muita gente estranhou a entrega de caipirinha. Fizemos vários testes e tem dado certo”, conta Canecchio, que chega a realizar 150 entregas aos sábados. O serviço representa 10% do faturamento, mas o empresário não pensa em expandir a área. Ele segue com a cozinha central no restaurante e recebendo os pedidos pelo modo tradicional: pelo telefone.

 

Plataformas online confiam no crescimento do mercado

 

A combinação de todas as vantagens do delivery com uma população cada vez mais conectada deixa as plataformas que reúnem diversos restaurantes para o consumidor fazer o pedido online animadas. Em vez do restaurante investir na própria ferramenta, empresas, como hellofood e iFood, oferecem o serviço e cobram uma taxa que oscila entre 10% e 15% da compra.

 

Do lado do consumidor, os sites aparecem para substituir os panfletos desatualizados e também reunir diversas opções em um único lugar. Já para o restaurante, a opção é uma forma do negócio oferecer o serviço e ganhar clientes por meio do marketing feito pela plataforma.

 

“Embora exista uma concorrência entre plataformas, o que a gente considera como principal concorrente é o telefone. Nem 5% do mercado está explorado. O grande volume de transações ainda é feito de maneira offline. O mercado tende a crescer de maneira absurda nos próximos cinco anos”, afirma Marcelo Ferreira, CEO do hellofood, que tem 2,5 mil estabelecimentos cadastrados e comprou quatro operações semelhantes nos dois últimos anos.

 

Já o iFood se juntou ao RestauranteWeb e também adquiriu quatro operações. “É um modelo de negócio que exige escala. Existe uma consolidação do mercado e muitos morreram no caminho”, afirma o CFO do iFood, Carlos Eduardo Moyses, que espera chegar a dez mil restaurantes cadastrados em 2015.

 

Para o empreendedor que está na dúvida sobre o resultado do investimento no serviço, Caio Gouvêa, da GS&MD – Gouvêa de Souza, aconselha o empresário a fazer uma avaliação da plataforma (em geral, elas não exigem exclusividade do restaurante), a verificar se há uma forma de feedback com os clientes e se a operação comporta um aumento de demanda nos horários de funcionamento do serviço. (Fonte: Estadão PME)

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