Como reduzir as perdas no mercado de alimentos

Entenda as perspectivas para redução de perdas direcionadas ao food service

10/02/2023

Como reduzir as perdas no mercado de alimentos

Alguns desafios já são conhecidos pela indústria alimentícia, entre eles a implementação de processos logísticos automatizados, a rastreabilidade para garantir a procedência dos produtos, a sustentabilidade ambiental e a constante busca pela inovação – cito aqui apenas alguns. Entretanto, há um desafio que deve roubar a cena em 2023: como reduzir as perdas?

Nos próximos meses, essa será a palavra de ordem para dez entre dez operações. E são muitas as razões para isso. Começo lembrando que as proteínas de origem animal têm seus custos de produção com aumentos significativos que impactam o food service e o consumidor.

 

Como medida para minimizar impactos, muitos restaurantes compram cortes de carnes embalados individualmente (cortes padronizados), pois os frigoríficos vêm investindo cada vez mais em tecnologias de automação e adotando embalagens sustentáveis que utilizam até 40% menos plástico. Isso tem o objetivo de aproveitar ao máximo o produto, uma vez embalados individualmente (porção única), garantem maior vida útil, sendo retirados da embalagem apenas no momento em que o pedido chega à cozinha.

 

O setor de food service, desta forma, não precisa mais comprar peças de carnes inteiras, visto que boa parte dessa carne não tem o padrão desejado pelo consumidor e acaba sendo aproveitada em outros pratos de menor valor agregado. Ou, pior, não será consumida dentro do prazo de validade e terá que ser descartada, gerando muito desperdício.

 

Vale lembrar que a redução de perdas no food service reflete diretamente no custo do alimento. Ao adotar medidas para reduzir o desperdício, é possível tornar o alimento acessível para mais pessoas, ampliando o alcance do produto. Logo, isso é motivo de sobra para que a indústria se mobilize ao máximo para não perder produtos.

 

Além disso, não se trata somente de um prejuízo financeiro. De forma geral, o mercado de food entende que o desperdício não é bom para ninguém, sobretudo em um mundo onde o número de pessoas famintas aumentou de 811 milhões para 828 milhões entre 2021 e 2022, segundo o relatório do Índice Global da Fome (IGF), realizado pela da organização não governamental alemã Welthungerhilfe.

 

Como integrantes da indústria de embalagem, sabemos que desempenhamos papel fundamental no combate a redução de perdas de alimentos. Na América Latina, por exemplo, 20% do desperdício no varejo é devido à deterioração, cenário que pode ser mudado a partir do aprimoramento das embalagens, principalmente para a categoria de produtos frescos.  

 

As perdas e os desperdícios de alimentos exigem uma mudança dos sistemas alimentares de todo o mundo. Uma das metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU) diz que em 2030, devemos reduzir pela metade as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita e também o desperdício global de alimentos per capita no varejo e no consumo.

Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos e desperdiçados por ano no mundo, segundo o World Resources Institute. Isso equivale a 24% de todos os alimentos produzidos para o consumo humano – um número impressionante (levando em conta que essas estimativas englobam toda a cadeia de valor).

 

As perdas na produção, no armazenamento e na manipulação somam mais de 520 milhões de toneladas, o equivalente a quase 8% dos alimentos produzidos. Para encontrarmos uma solução para a questão é fundamental que haja sensibilização de todos os atores do setor.

 

Cada um deve fazer sua parte. O ano de 2022 foi promissor para o food service e com menos incertezas que 2020 e 2021; ingressamos em 2023 com esse desafio, e sei que é preciso união e diálogo entre as partes interessadas. Para alcançarmos resultados satisfatórios, é preciso impulsionar a inovação e a criação de políticas e estratégias. Embora seja difícil, não me parece impossível. E queremos fazer parte disso.

* Fabio Melo é Diretor de Marketing Brasil e Líder da Plataforma de Proteínas para América Latina da Sealed Air

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