A febre das lojas de bolos caseiros

Combinação entre baixo custo de implantação e demanda aquecida faz surgir novo mercado em SP

18/07/2014

A febre das lojas de bolos caseiros

O conceito é recente – as primeiras empresas do gênero surgiram há cerca de quatro anos –, mas o período foi suficiente para que as lojas de bolos caseiros se tornassem onipresentes nos bairros de São Paulo.

 

Os baixos custos de implantação e de estrutura, a facilidade de produção e a própria aceitação dos bolos explicam o sucesso e o motivo de o modelo continuar atraindo empreendedores, especialmente aqueles interessados no primeiro negócio. “O investimento não é tão alto e o produto é barato e acessível a todas as classes sociais”, explica Renata Frioli, sócia da Bolo à Toa, uma das empresas pioneiras no mercado.

 

O bom momento da Bolo à Toa, criada em 2011, pode ser resumido pelo número de bolos vendidos por mês – cerca de 12 mil nas duas unidades da empresa, nos bairros de Pinheiros e Itaim – e no plano de expansão de Renata, que inclui a inauguração de mais uma loja na capital e outra no interior até o fim de 2014. Um detalhe interessante é que as unidades são próprias, já que a empresária prefere não adotar o sistema de franquias em seu planejamento.

 

A Casa de Bolos é outra que ajudou a consolidar o segmento de bolos caseiros. Criada em 2010, em Ribeirão Preto, a empresa foi idealizada pelos filhos da família Ramos para dar uma ocupação para a mãe, Sônia. A boa aceitação do produto, porém, fez com que outras pessoas da família abrissem novas lojas e a evolução para o sistema de franquias foi algo natural. Atualmente a rede vende 350 mil bolos mensalmente em suas 102 unidades – sendo oito delas próprias.

 

A expansão e o volume de vendas desses negócios transformaram o segmento na bola da vez dos empreendedores, tanto que novas lojas surgem a todo momento. Mas isso não tira o sono de quem já atua no segmento. “É natural que empresas inovadoras atraiam atenção e que surjam concorrentes. Para nós é muito importante para que nos mantenhamos no rumo e atentos. O que nos diferencia para que possamos continuar no negócio, no longo prazo, é manter a qualidade acima de tudo”, avalia Eduardo Ramos, da Casa de Bolos.

 

 

Novidades

 

Um exemplo de quem ainda busca espaço nesse mercado é a Casa do Bolo Caseiro, que resolveu apostar em um sistema de entrega nas regiões de Alphaville, Carapicuíba, Tamboré e Barueri. Em operação desde abril de 2013, a empresa, idealizada pelo casal Cristina da Silva Santos e Marcos Antônio dos Santos, comercializa em média 600 bolos por mês e tem conquistado um nicho interessante de mercado, o corporativo, já que metade das entregas é feita em empresas da região de Alphaville.

 

Também sem loja física, a Meu Bolo Caseiro inovou com um sistema de assinatura na cidade de Cuiabá (MT). Os pacotes podem ser fechados por telefone ou pelo site e custam a partir de R$ 32, valor que garante a entrega de dois bolos por mês. A empresa consumiu um investimento inicial de R$ 30 mil e, em menos de três meses de funcionamento, já tem 40 assinantes fixos, comercializa 200 bolos por semana e fatura R$ 20 mil por mês. “Muitos clientes pedem a loja física, mas acredito que, sem o fator inovação, o processo de crescimento da empresa seria mais lento”, afirma Laura Burttet, uma das sócias. 

 

Modelos de negócio

 

Loja: É o modelo tradicional de venda e aposta da Bolo à Toa e da Casa de Bolos, duas das empresas consideradas pioneiras do setor.

Entrega: Delivery de bolos em empresas ou residências, sem loja física. É o modelo adotado na Casa do Bolo Caseiro, de Alphaville.

Assinatura: Bolo por assinatura é o diferencial da empresa de Cuiabá. Planos custam a partir de R$ 32 mensais.

Para especialista, empresas surgem sem preparação


Apesar de a venda de bolos caseiros continuar atraindo novos empreendedores, o segmento já dá sinais de saturação, de acordo com o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa. “Há uma proliferação absurda desse tipo de negócio”, diz ele, citando a quantidade de lojas em São Paulo. “Muitos empreendedores não perceberam ainda que o pessoal que obtém sucesso no segmento não vende bolos, vende conveniência, e várias dessas lojas não são convenientes, não têm estacionamento, por exemplo”, analisa. “As empresas estão surgindo de uma forma não cuidadosa.”

 

Para Nakagawa, é essencial que os empreendedores sejam criteriosos na escolha da localização da loja. “A sobrevivência dessas empresas vai depender muito do ponto. Como os produtos são muito parecidos, quem conseguir manter boa qualidade em um ponto muito bom terá vantagem”, diz. Além disso, o desenvolvimento de novos produtos também pode criar um diferencial no mercado. “Ainda tem espaço para inovação em sabores, como o uso de ingredientes orientais, por exemplo.” (Fonte: Estadão)

 

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