Quebra na safra de trigo irá elevar preço do produto a partir de abril

O excesso de chuvas prejudicou as lavouras de trigo, o que obrigará o Brasil a importar maior quantidade do produto. Empreendedores do food service terão que repassar aumento ao consumidor de pães, massas e biscoitos

03/02/2016

Quebra na safra de trigo irá elevar preço do produto a partir de abril

A partir de abril, quando o estoque nacional de trigo baixar, o pãozinho e outros alimentos da confeitaria terão que ficar mais caros. Ainda não é possível saber de quanto será o aumento, mas os produtos derivados do cereal, como pães, massas e biscoitos, serão reajustados em função da quebra nas safras de trigo do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responsáveis por mais de 90% da produção brasileira. O prejuízo no campo acarreta em desdobramentos para a indústria de panificação, que inevitavelmente irá repassar a alta no custo de produção aos consumidores.

 

O excesso de chuva na temporada 2015 prejudicou as lavouras de trigo dos três estados do Sul. A pior situação aconteceu no Rio Grande do Sul, onde a quebra na colheita chegou a 1,4 milhão de toneladas. “O estado planejava colher 2,9 milhões (de t), mas conseguiu apenas 1,5 milhão. E a qualidade [do trigo colhido] é muito ruim. Cerca de 1 milhão (de t) é impróprio para consumo humano. Só serve para ração animal”, ressalta Luiz Carlos Pacheco, analista da consultoria Trigo e Farinhas. No Paraná, a quebra atingiu 700 mil t. A safra final foi de 3,4 milhões de t, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Em Santa Catarina, as perdas foram de 100 mil toneladas.

 

Importação em cenário desfavorável

 

A quebra na safra nacional do cereal obriga o Brasil a importar maior quantidade do produto, em um cenário de câmbio desfavorável. Em abril, quando as indústrias precisarem repor os estoques, o Brasil terá que comprar 3,6 milhões de t no mercado internacional – no total, o setor da panificação consume 11 milhões de t por ano. Com o dólar cotado acima dos R$ 4, o custo de importação será alto. “Com esse dólar, os produtos derivados do trigo irão aumentar. Mesmo quem tem produto irá cobrar mais. Isso irá chegar até o consumidor”, explica Elcio Bento, analista da consultoria Safras e Mercado.

 

De acordo com o Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Paraná (SIPCEP), não é possível prever um aumento no preço do pão ao consumidor final em abril. Segundo o presidente da entidade, Vilson Felipe Borgmann, inúmeras variáveis podem influenciar a equação, como a planilha de custos de cada padaria, os estoques de trigo de cada loja e a política do SIPCEP em recomendar prudência dos panificadores em reajustes na atual conjuntura econômica. “Existem estoques para bastante tempo. Os moinhos trabalham com compra antecipada de seis meses”, diz Borgmann. “O dólar já vem a mais de R$ 4 desde o ano passado e o aumento ficou abaixo da inflação”, complementa. Ainda segundo o executivo, atualmente existe excesso de trigo no mundo, o que implica em maior oferta do produto para importação. “Existe uma superoferta e o preço caiu. Essa queda compensa as despesas com frete, cabotagem e impostos com importação de trazer o grão dos Estados Unidos, Canadá e Rússia”, garante Borgmann. (Fonte: Gazeta do Povo)

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