Cenário de incerteza econômica não freia investimentos em gastronomia
Enquanto parte dos empresários do setor em Curitiba prega alerta máximo, outros anunciam e colocam em prática novos projetos para 2015
01/12/2014
Diante de um cenário econômico ainda incerto e com o recente anúncio de fechamento de restaurantes em Curitiba, os empresários do segmento gastronômico se dividem quanto às expectativas para 2015. É certo que os investimentos não vão parar, já que muitos restaurantes abriram novas casas recentemente com vistas a se consolidar no próximo ano, enquanto outros anunciaram novidades. Mas o discurso da cautela e necessidade de ajustes é quase um mantra entre eles.
“Estamos otimistas, mas com receio. Precisamos das reformas tributária e trabalhista que hoje são os principais pontos de estrangulamento do segmento”, afirma Marcelo Wollner Pereira, sócio-proprietário do Grupo Babilônia e presidente do Conselho Estadual da Abrasel. Em novembro, Pereira inaugurou uma segunda unidade do Mediterrâneo com a expectativa de consolidá-la no próximo ano. A casa fica no Shopping Crystal, que recebeu no mesmo mês franquias da sorveteria ColdStone e da sanduicheria Sr. Garibaldi.
Perto dali, outro empreendimento deve movimentar a gastronomia curitibana, sobretudo nos primeiros meses de 2015: o Hard Rock Café, anunciado para dezembro.
O Corrientes 348 engrossa o coro dos otimistas. A casa especializada em carnes argentinas registrou um crescimento de 25-30% em relação a 2013. “Provavelmente jogou a nosso favor o efeito novidade, mesmo assim nosso mark up [margem de lucro] se reduziu”, faz a ressalva Bruno Guimarães Villela, um dos sócios do estabelecimento. “Nossa previsão é manter o mesmo crescimento para o ano que vem, no mínimo em 20%”. O empresário está trabalhando também para abrir uma sanduicheria em 2015. A nova casa, cujo conceito ainda está em fase de estudo, vai inaugurar no casarão onde funcionava o John Bull, na Comendador Araújo, no Batel.
Empresário arrojado, Junior Durski vai entrar com tudo em 2015, apesar dos sinais de crise. Após fechar 2014 com 14 novas unidades do Madero (ao todo a rede conta hoje com 48 estabelecimentos), outros 35 estão por vir no ano que vem. “Esse foi um dos anos mais difíceis da minha vida, mas ao mesmo tempo de maior crescimento”. Entre as novidades para 2015, o Madero vai desembarcar em Miami e Sidney. “Temos que otimizar tudo, trabalhar mais e com um pessoal mais motivado, atender mais gente com menos pessoas. Num período de crise, enquanto alguns choram, outros vendem lenços”, resume.
Sinal de alerta
No lado oposto dos otimistas, há empresários prevendo dificuldades em 2015, com possibilidade de preços mais caros nos restaurantes e novos fechamentos.
Por causa de inflação, alta de impostos sobre alimentos e vinhos, e aumento dos custos da mão de obra, os preços devem subir nos próximos meses, de acordo com Marcos Muller, proprietário do premiado restaurante Zea Maïs. “Sou dono de um restaurante e sei que é caro comer fora hoje em dia, porém ‘esse caro’ não cobre nossos custos. Infelizmente a rentabilidade caiu e em 2015 com certeza vai ser ainda pior”, resume.
Num cenário instável, muitos empresários devem segurar as pontas. “O ano de 2013 foi melhor que esse ano quando o ganho foi muito maior”, diz Marcus Biazzetto, chef e proprietário do Ristorante Salumeria. “Em 2015, quem não conseguir reduzir os custos e encontrar fornecedores mais baratos, vai sofrer bastante”, avalia. (Fonte: Gazeta do Povo)