Food truck: investimento acessível exige cuidados redobrados com segurança

A recente explosão de um veículo adaptado em SP desperta a atenção dos Bombeiros e reforça necessidade de manutenção por parte dos empresários

18/02/2015

Food truck: investimento acessível exige cuidados redobrados com segurança

Os caminhões adaptados para a venda de comida, que desde janeiro de 2014 contam com legislação própria na cidade, se popularizam por representarem uma opção relativamente acessível ao bolso do investidor, ao passo que com demanda simpática dos consumidores. Mas, segundo especialistas, dos Bombeiros às oficinas que preparam os trucks, a tecnologia embarcada nos veículos pede atenção redobrada do empresário.

 

Sem manutenção periódica e uma série de cuidados diários na operação, é alto o risco de acidentes envolvendo Foods Trucks, como o da zona oeste, que pegou fogo após a explosão de um botijão de gás no momento em que o funcionário encerrava as atividades.

 

O caminhão "Oriental Food Truck - Yakissoba & Cia" estava estacionado na Rua Caraíbas, em Perdizes. Um funcionário  afirmou que havia acabado de finalizar o expediente e, antes de ir embora, ligou na tomada um dos refrigeradores. Já fora do veículo, escutou uma explosão e viu as chamas. Uma pessoa se feriu no braço. O caso foi registrado no 91º DP. Foi solicitada perícia no local e o caso foi registrado como incêndio e lesão corporal culposa.

 

"Imagina você pegar uma cozinha industrial, encaixotar dentro de uma caminhão e sair sacolejando por ai. O dono de um food truck e a pessoa responsável por sua operação precisam tomar muito cuidado e ficar atento principalmente com o sistema do gás da cozinha. Se não, pode dar problema mesmo", observa Fernando Mincarone, dono da Icebox, oficina que no ano passado adaptou 12 food trucks e, neste ano, já tem 18 encomendas.

 

"Esse é um negócio que está crescendo e a pessoa precisa ter cuidado onde ele vai preparar o caminhão", observa Gislene Gonçalves, da FAG Brasil. A empresa de Gislene tem 400 pedidos de orçamento na fila de espera neste momento. "Tem muita gente interessada em investir nesse ramo."

 

A perspectiva iminente de uma grande quantidade de veículos em operação ganhando as ruas é o que preocupa Marcos Palumbo, capitão do corpo de bombeiros de São Paulo. Segundo ele, a atenção do empresário deve se ater sobretudo à estrutura que integra o fogão dos food trucks. Além de exigir das oficinas todos os certificados que garantem a qualidade da instalação, o dono do veículo não deve adaptar estruturas e precisa ficar atento ao prazo de validade de alguns componetes, como a válvula de segurança que liga o botijão de gás ao fogão.

 

"O que acontece com muita gente que vende comida na rua, seja os pipoqueiros, o dogueiro ou aqueles ambulantes que fazem amendoim doce, é que eles não observam e nem sabem do perigo que é burlar certas regras de segurança. Normalmente, eles usam aquele fogareiros e não compram o botijão adequado. Isso é um risco, já que a distância da panela ao botijão pode causar incêndios", destaca Palumbo, que contabilizou no ano passado 2,8 mil ocorrências envolvendo botijões de gás em São Paulo. "A maior parte (acidentes) é doméstico. Mas isso dá conta do risco que é. São 2,8 mil casos em que o botijão pegou fogo e não explodiu por pura sorte."

 

EUA

Quando um bujão de gás explode, observa o capitão Palumbo, as consequências são graves. Em um food truck, que opera na rua ou em estacionamentos convertidos em praças de alimentação, os populares food parks, a abrangência tende a ser ainda pior.

 

Nos Estados Unidos, onde a 'moda' dos food trucks já é experimentada há alguns anos, um sistema de alimentação à gás de um food truck entrou em colapso em julho do ano passado na Filadélfia. A explosão decorrente do defeito, atribuído à falta de manutenção periódica pela autoridades, feriu 13 pessoas e matou duas.

 

Foi apenas mais uma acidente envolvendo food trucks na América do Norte. Segundo o jornal Philadelphia Inquirer, o país contabiliza acidentes do tipo de norte a sul. Em 2011, por exemplo, um botijão de gás de um food truck de Nova York também explodiu, queimando dois trabalhadores.

 

Em nota, a secretaria da subprefeitura de São Paulo informa que “cada Subprefeitura possui o seu agente de fiscalização de Food Truck, quanto às ações de fiscalização de alimentos é de responsabilidade da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária”.

 

Como se proteger?

 

Certificados

Segundo o capitão Marcos Palumbo, dos Bombeiros de São Paulo, os acidentes provocados em "cozinhas móveis" são basicamente causados por vazamento de gás ou incêndio pelo fogão. Para se precaver, o empresário deve ficar atento com as certificações da oficina encarregada de preparar o food truck. Exiga estabelecimentos que concedam ao veículo uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Esse certificado tem validade quando assinado por uma engenheiro responsável pela transformação do caminhão em food truck.

 

Manutenção

De cada cinco em cinco anos, o sistema de alimentação à gás deve passar por uma manutenção profunda, com a troca de parte dos equipamentos. Antes disso, é recomendável a manutenção periódica. Algumas oficinas exigem uma parada técnica a cada três meses, sob pena da perda de garantia. "No primeiro ano, isso é obrigatório. Depois, como esse é um mercado muito novo, a gente está preparando uma agenda de manutenção com nossos clientes", diz Fernando Mincarone, da Icebox.

 

Legalização

Para quem não pretende colocar o food truck em zonas licenciadas pela Prefeitura, o Termo de Permissão de Uso (TPU) não é necessário. Para obter o termo, é preciso passar por uma fiscalização de dois em dois anos na Agência municipal de Vigilância Sanitária, que tem como parte das atribuições observar todas as adequações técnicas dos equipamentos. No entanto, cada vez mais, estacionamentos de food trucks ou espaços de eventos que abriguem esses veículos passam a exigir certificados da Vigilância Sanitária. É aconselhável que o empresário, então, procure o um local de fiscalização e obtenha, mediante inspeção, o Certificado Municipal de Vigilância.

 

Fonte: Estadão PME

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